domingo, 13 de julho de 2014

Cruz de Ferro, guerra, Dauwe, paz e Brasil.

Quando as famílias se aliam são capazes de feitos surpreendentes. Parte da história da minha familia estaria perdida para sempre, se não fosse a habilidade
 e o interesse de algumas mulheres. Coube à minha tia Elvira Dauve Khoeler, 
a guarda de uma antiga medalha que pertenceu ao meu bisavô. 
Por muitos anos ela guardou a medalha, prezando por seu valor afetivo. No entanto um dia, a casa foi alvo de ladrões que roubaram alguns pertences, enquanto não havia ninguém em lá. Dentre os objetos surrupiados, estava a medalha. Minha tia não titubiou. Tomou caneta e papel, fez o desenho da medalha, escreveu as data e os dizeres que dela constavam. Podia se ler: "Gott war mit uns, Ihm sei die Ehre" e " Dem Siegreichen Heere". Anos depois a minha prima Líria Whays, me repassou  uma cópia do desenho, e mais tarde, com a santa internet, eu decobri que se tratava de uma medalha atribuida aos soldados que lutaram na guerra Franco-Prussiana. As incrições traduzidas dizem: "Deus estava conosco, a Ele seja a glória" e "Os exércitos vitoriosos". Já soube que não existe mais a lista com os nome dos soldados que lutaram nesta guerra, pois houve um bombardeio e os arquivos se perderam. Esse desenho foi um jeito muito eficiente de salvar uma memória. 
Escrevo este post, em meio a notícias de guerra, que causam a morte de centenas de pessoas no oriente médio. Eu lembro de sempre ouvir histórias terríveis sobre a fome, as bombas, a guerra. Na  minha infância eu tinha muito medo da guerra. Já adulta, estranhava o fato de haver este temor em mim e na familia, porque no Brasil, nós nunca vivemos na pele situações críticas de guerra. No entanto, essa medalha, explica  um pouco o porquê. Friedrich Hermann Dauwe, esteve nos campos de batalha, e ele trouxe suas dolorosas memórias consigo. E aquele temor permanceu conosco, por que a gente aprende por ouvir contar, aprende a decifrar o medo nos códigos do silêncio, no medo da privação na falta de paz. A gente aprende fácil a temer o que mata indistintamente. Que as guerra cessem, e que só haja medalhas para quem cultivar a paz.

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